terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O particular e o público na Educação do Brasil


A Educação Brasileira em suma, é dividida em dois ensinos: o público – onde o Estado é representado pelas esferas governamentais que usam o dinheiro do contribuinte para investimentos em construção de escolas, creches, universidades e toda a estrutura e profissionais que os envolvem – o particular – bancado por pessoas, onde cada indivíduo (quando juntos) é responsável por manter a estrutura que é de igual maneira no ensino público sendo que a diferença é que os donos deste meio de produção julgam quando necessário, fazer algum investimento na mesma. Ela segue a lógica do capitalismo onde o lucro e a exploração é a máxima. A primeira intenção apesar de não propagada abertamente é lucrar com o ensino.
A história da educação brasileira é marcada pelos ensinos jesuíticos (nascimento do ensino privado no Brasil) e por proibição da metrópole portuguesa de construir universidades e faculdades no Brasil. Infelizmente, é daí que vem todo nosso atraso educacional – claro que podemos superá-lo – já que todos sabem que a educação é a força motriz da evolução e desenvolvimento das pessoas em todas as outras áreas de sua vida e não só isso: era uma maneira que a metrópole impedir quaisquer insurreições já que, a igreja através de seus sacerdotes ensinava aquilo que só “cativavam” os índios – povo que não se “adaptou” ao modelo agroexportador e escravista.
O ensino público começa a dar seus passos quando o Marquês de Pombal ascende ao poder e abole as ordens jesuítas (se bem que este ensino apesar de privado recebera ás vezes aporte financeiro do Estado). Depois, com a Constituição de 1824, se pensa pela primeira vez num Sistema Nacional de ensino privilegiando a escola pública. Aliás, um sistema nacional de ensino pensa, acima de tudo, no ensino público. A divisão de responsabilidades sobre os ensinos primário, secundário e superior (hoje fundamental I, fundamental II, ensino médio e superior) surge no período de transição da abdicação de D. Pedro I e a subida ao poder de D. Pedro II que conhecemos como Regências.
O ensino público e particular atualmente (a partir de agora, tratarei especificamente da escola em relação aos dois ensinos) não só tem diferença no nome. Elas são gritantes e perceberemos como elas contribuem principalmente para uma degradação da práxis do professor assim como, para reprodução de mitos.
A escola pública passa por um problema gravíssimo que é sua estrutura de ensino. O professor não tem autonomia até para elaborar uma avaliação sendo que este quesito não se finaliza com um teste ou prova e sim é um processo gradual onde se deve levar em conta a evolução do aluno e não medi-la por um dia de avaliação afinal, uma unidade escolar é em média de 3 a 4 meses. O que dizer também, da pedagogia aplicada (se permite pouco uma pedagogia progressista), da formação para o mercado de trabalho e não para a cidadania, do ensino seriado? Mesmo assim, a escola pública valoriza mais o professor por incrível que possa parecer.
A escola particular pelo contrário, não passa por uma revolução em sua estrutura de ensino já que ela é voltada para o lucro de um grupo ou de uma pessoa. Mantém a mesma estrutura da escola pública – pois, é mais cômodo – só que desvaloriza ainda mais o professor. Por quê? Simples: a prestação de contas aos pais é demasiadamente valorizada já que os mesmos que bancam o a escola. O professor é questionado de forma muito agressiva até pelos alunos. A pedagogia (muito cobrada) deste profissional acaba por ser comprometida pois, a dinâmica em sala de aula (os alunos muitas vezes não permitem a progressão, o andamento das aulas). Imaginem vocês que o professor que planeja suas aulas acaba pego de surpresa com mudança de horário. Ah, a própria carga horária e também um ensino seriado compromete o aprendizado. O professor pode ser considerado nesta escola e na outra, um mágico!
Muitos afirmam que a escola particular é melhor que a pública, mas não vejo assim. O que vejo é que os pais são mais atuantes na escola particular, pois pensam que pagam por ela e não pagam pela outra o que é uma tolice. Afinal, não contribuímos com impostos e taxas abusivas até, para sustentar a escola pública? Todavia, não é só isso: os pais de alunos de escola pública trabalham excessivamente e não dispõem de tanto tempo apara acompanhar seus filhos sendo que acabam achando que a escola e o professor tem a obrigação de deixar seus rebentos prontos para a vida o que só é possível muito mais com a ajuda deles (pais).
Qual é a diferença entre alunos de escola pública e escola particular? Bem, os primeiros vão muitas vezes para a escola com fome, são afetados pela desintegração da estrutura familiar fruto de falta de políticas públicas ao longo dos anos e acabam por estarem – de maneira geral – desinteressados com a escola. A própria escola por diversas vezes não oferece “novidades”.  Os alunos de escola particular até para chegar à escola é mais fácil: ou vão de transporte particular ou tem o dinheiro do transporte coletivo (ás vezes os de escola pública nem tem), como apontado antes, os pais são mais atuantes e geralmente esses alunos desenvolvem outra atividade educacional após seu turno escolar. As diferenças param por aí.
A escola é movida e só existe pelos alunos. Os alunos da escola particular e pública são iguais na índole e na prática. Muitas vezes não estudam e o professor exaustivamente insiste em expor o conteúdo e mesmo assim quando tem um resultado ruim, reclamam de quem? Será que vocês podem imaginar que um aluno de escola particular queira usar o jeitinho brasileiro ou subornar o professor no ato de aplicação de testes e provas? Eu sei, vocês podem pensar que foi brincadeira e também penso assim no entanto, só de cogitar tal coisa não é de se preocupar? Assim acontece numa escola particular.
Não prego contra uma escola ou outra. Prego contra certas máximas que não são reais. Muitos dirão, e os resultados você não leva em conta? Levo, porém para mim além dos resultados vem a formação do caráter, o cidadão de consciência crítica, o ser pensante. Discurso bonito não é? Mais é válido. Minha esperança é que neste emaranhado de coisas e situações insatisfatórias, alunos surgem, para além dos resultados...

Acessem o link: http://www.facefaculdade.com.br/arquivos/revistas/A_HISTRIA_DA_EDUCAO_PRIVADA_BRASILEIRA_E_O_PRINCIPIO_DEMOCRTICO_DA_LIVRE_INICIATIVA.pdf

*Texto da Coluna LINHAS GERAIS do www.vozdefeira.com.br com o mesmo título.

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